As novas greves na China

por amigos de gongchao (julho 2014)

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“A ação directa é uma importante forma de participação política na China” (SCMP, 28 de Abril, 2014)1

O número de greves de trabalhadores migrantes na China aumentou nos últimos anos. A China é o segundo maior poder econômico no mundo e um ponto central das cadeias de produção globais, por isso as suas greves têm um efeito no tecido social e econômico do país e não só. Como é que as greves se desenvolveram ao longo das últimas duas décadas na China e o que é que as caracteriza hoje em dia?

No seu livro, publicado na China em 2012 e baseado em entrevistas a trabalhadores em greve no Delta do Rio das Pérolas (DRP), Hao Ren et al., descreve o desenvolvimento da militância dos trabalhadores desde a década de 19902. Após o esmagamento da revolta de Tian’anmen em 1989 e a suspensão temporária das reformas pró-mercado que lhe seguiu, o regime do Partido Comunista da China (PCC) voltou a acelerar a reestruturação da economia chinesa após 1992. Os investimentos externos aumentaram e milhões de trabalhadores migrantes deslocaram-se para o DRP e outros centros industriais para trabalhar nas novas fábricas. As condições caracterizavam-se por uma elevada taxa de acidentes, salários baixos, extorsão salarial frequente, trabalho extraordinário prolongado e uma elevada intensidade de trabalho. As intimidações e assédio por parte das chefias eram generalizadas, mas os trabalhadores migrantes respondiam com violência e formas de resistência oculta. Em 1993-94, uma primeira onda de greves percorreu as fábricas estrangeiras, como a companhia japonesa Canon, em Zhuhai. O regime de migração criado pelo Estado (hukou), que divide a população entre migrantes urbanos e rurais, era garantido através de controles, deportações e violência policial contra os “ilegais”. Em 1995 foi implementada a legislação laboral chinesa e nessa altura o departamento oficial para o trabalho intervinha regularmente em conflitos laborais. Segundo Chris Chan, o Estado procurava “absorver as ações radicais dos trabalhadores nos canais legais controlados pela administração pública”3.

A entrada da China na Organização Mundial do Comércio em 2001 conduziu a um aumento suplementar do investimento externo. Apesar da flexibilização do regime de migrações internas, os novos centros industriais virados para a exportação como o DRP sofreram uma escassez de força-trabalho, uma vez que muitos (potenciais) emigrantes se recusaram a aceitar os péssimos e mal remunerados trabalhos na fábrica. Entre 2003 e 2007, o número de greves selvagens na China aumentou drasticamente, e o DRP assistiu a novas ondas grevistas, especialmente em companhias estrangeiras. Jay Chen encara isto como um “ponto de viragem” no desenvolvimento dos protestos de massa na China4.

Desde então, as condições dentro das fábricas melhoraram gradualmente até certo ponto, a intensidade do trabalho diminuiu sensivelmente, tal como o trabalho extraordinário, como demonstram os aumentos regulares do salário mínimo. Na zona econômica especial de Shenzhen, por exemplo, aumentou de 574 yuan por mês em 2001 para 1000 yuan em 2008. Apesar disso, os preços também aumentaram significativamente.

Hao Ren et al., descreve a forma como as greves se iniciaram através de panfletos e celulares e como os protestos em outras empresas foram imitados. Segundo Chris Chan, ao longo da década de 2000, os trabalhadores migrantes aprenderam também a levar a luta para lá dos muros da empresa e para as ruas. Chamaram a mídia, bloquearam auto-estradas e fizeram circular relatos pela internet. Para além dos trabalhadores produtivos, em muitas greves as chefias inferiores e por vezes até os trabalhadores dos escritórios aderiram ao movimento. As autoridades responderam repetidamente com a violência da polícia e até com a detenção de ativistas.

A crise global de 2008-2009 conduziu a uma onda de demissões na China e, em particular, no DRP. O regime do PCC adiou o aumento do salário mínimo já programado e modernizou a legislação laboral e os mecanismos de mediação de forma a fortalecer a capacidade da maquinaria estatal para canalizar as lutas. O capital utilizou a crise para melhorar a sua coordenação e organização e procurou passar os custos da crise para os trabalhadores – e para o Estado. Nos casos de falências de empresas, as autoridades intervieram repetidamente e pagaram os salários em atraso. Os trabalhadores reagiram com lutas defensivas contra transferências, demissões, encerramentos, subtração de salários e assim sucessivamente.

Após a recuperação da economia em 2009-2010 e o regresso da escassez de força de trabalho, a maré voltou a mudar e a posição dos trabalhadores viu-se reforçada. Em 2010, uma nova vaga grevista. O ponto de partida foi a greve dos trabalhadores da Honda em Foshan, que obteve um aumento salarial de 35%. Segundo Hao Ren et al., os trabalhadores tornaram-se mais determinados a partir daí, revelando solidariedade e persistência. Greves ofensivas obtiveram um aumento salarial generalizado e em algumas localidades os trabalhadores exigiram que os sindicatos fossem colocados sob o seu controle.

As greves permaneceram ao longo dos anos 2011 e 2013, segundo um relatório recente do Boletim de Trabalho da China (BTC), e os salários industriais aumentaram 50% entre 2010 e 20135.

Muitas empresas tentaram compensar os aumentos salariais pela redução das horas extraordinárias e dos bonus, introduzindo bancos de horas e reduções salariais mais elevadas para alimentação e alojamento. Adicionalmente, o capital aumentou o uso de agências de trabalho temporário e limitou os contratos de trabalho de forma a poder gerir as flutuações da produção e a dividir a força de trabalho. Em 2011, 60 milhões de pessoas foram empregadas na China através de agências de trabalho temporário6.

Uma greve excepcional ocorrida em Abril de 2014 ilustra o atual conflito de classe no DRP:

Greve na fábrica de sapatos Yue Yuen em Dongguan

“Os capitalistas serão sempre capitalistas” (Trabalhador da Yue-Yuen a produzir sapatos Adidas após a greve em Dongguan)7

Cerca de 50 mil trabalhadores das seis fábricas de sapatos Yue Yuen (裕元) em Dongguan, no Sul da China8, entraram em greve em Abril de 2014, na maior greve de trabalhadores migrantes numa empresa de investimento externo até agora. Yue Yuen, dirigida pelo Grupo Pou Chen, sediado em Taiwan, é um dos maiores fabricantes de sapatos do mundo, tendo produzido mais de 300 milhões de pares em 2013 – 20% da produção global de sapatos desportivos e casuais9. Mais de 400 mil empregados (2012) produzem sapatos para mais de trinta marcas, como a Nike, a Adidas e a Reebok, em fábricas na China, na Indonésia e no Vietnã10. Em Dongguan, a Yue Yuen emprega 60 mil trabalhadores em seis fábricas, produzindo sobretudo para a Adidas e para a Nike. Com as horas extraordinárias e os bônus, os empregados da Yue Yuen (incluindo os supervisores) ganham um salário médio mensal de cerca de 3 mil yuan ($490). Contudo, os trabalhadores da linha de montagem ganham um salário mínimo de 1310 yuan ($210), atingindo 2200 a 2800 yuan ($350 a $400) se for incluído o trabalho extraordinário, bem como os bônus individuais, de grupo, de tempo de serviço e assiduidade. Quando as encomendas descem e a produção abranda, os salários podem ser ainda mais baixos11.

Cerca de 70% dos trabalhadores produtivos na fábrica de calçado são mulheres. Nas oficinas de produção de solas elas são cerca de 50%, enquanto na fábrica de moldes os homens estão em maioria. Cerca de 70% dos empegados trabalham na Yue Yuen há mais cinco anos e entre 10% e 15% trabalham lá há mais de dez anos. Muitos destes trabalhadores mais experientes entraram na Yue Yuen com 18 ou 19 anos, através de contatos familiares ou de pessoas dos seus locais de origem. Alguns já têm filhos que também trabalham na fábrica. Os trabalhadores mais experientes conhecem-se bem e formam o núcleo duro da recente luta12.

As relações entre os administradores taiwaneses de topo e os quadros chineses (chefes de linha e capatazes) por um lado, e os trabalhadores pelo outro, são tensas (a não ser nas fábricas de moldes onde a maioria dos trabalhadores são homens qualificados e as relações laborais são mais relaxadas). Os quadros (também eles ligados frequentemente através de laços familiares ou locais) medem a eficiência do trabalho, repreendem os trabalhadores e pressionam-os para trabalhar mais depressa e aumentar a produção. Por exemplo, o que costumava ser feito em dez horas de trabalho agora tem de ser feito em oito. “A produtividade da linha de montagem é sempre medida com um cronômetro. Cada movimento tem o seu tempo estabelecido e a produção é determinada de acordo com essa marca. Mas as pessoas não são máquinas, como é que poderiam manter essa velocidade e precisão durante um período de oito horas consecutivas? As pessoas cansam-se e têm de ir ao banheiro, não têm? Este método de cálculo da produção é irrazoável e desumano (trabalhador da Yue Yuen, Abril de 201413 ).

Ao longo dos últimos anos, os trabalhadores da Yue Yuen já tinham estado envolvidos em protestos e em greves de pequena escala. Em 2008, por exemplo, centenas de trabalhadores numa fábrica de moldes estavam insatisfeitos com os seus contratos de trabalho e recusaram-se à assiná-los. O patrão chamou a polícia, que fechou os portões da fábrica, de forma que ninguém pudesse bater o ponto. Os trabalhadores reuniram-se então no portão do edifício governamental de Dongguan14.

Em lutas anteriores, até mesmo os gestores de seção chineses mobilizavam os trabalhadores caso não gostassem das decisões tomadas pelos gestores de topo taiwaneses15.

A greve mais recente eclodiu quando os trabalhadores descobriram que a empresa não pagava as contribuições completas para que os trabalhadores viessem a receber aposentadorias integrais16. Em vez de pagarem as contribuições sociais de acordo com o salário mensal completo, a empresa limitara-se a pagar de acordo com o salário mínimo local. O fundo previdenciário é especialmente importante para os trabalhadores, uma vez que – desde que as contribuições sejam integralmente pagas durante muitos anos – têm direito a receber a aposentadoria ou a transferir o dinheiro acumulado para o seu fundo de garantia caso mudem de empresa ou de província.

O Estado chinês introduziu novos sistemas de bem-estar social baseados nas contribuições de empregados e empregadores, após a dissolução das comunas populares no campo no
início da década de 1980, e a reestruturação e parcial destruição do velho sistema de proteção nas cidades (“tijela de arroz de ferro”) na década de 1990. Apesar disso, nem todo mundo é contemplado e o sistema sofre de subfinanciamento, corrupção e incumprimento por parte dos empregadores, não funcionando particularmente bem. A maioria das pequenas empresas pura e simplesmente não paga as suas contribuições e empresas maiores como Yue Yuen, pagam apenas de acordo com o salário mínimo legal (e não de acordo com o salário efetivo). Ambas argumentam que de outra forma as suas pequenas margens de lucro seriam contraídas e perderiam as suas vantagens ao nível dos custos laborais17. O governo fecha os olhos relativamente às companhias incapazes de pagar ou que não pagam integralmente as suas contribuições sociais.

“A fábrica está nos enganando há 10 anos”, disse uma trabalhadora da Yue Yuen. “O governo distrital, o gabinete do trabalho, o gabinete da segurança social e a empresa
estavam todos nos enganando em conluio”18. Outra fonte de descontento acumulado por trás do eclodir da greve foram os baixos salários, que não eram atualizados há muito tempo. Cada vez que o salário mínimo de Dongguan era aumentado, a Yue Yuen reduzia os bonus pagos aos trabalhadores. A Yue Yuen chegou a ser considerada uma fábrica relativamente boa, mas já não é esse o caso. Existe uma elevada taxa de rotação e, como afirmou um trabalhador ao comentar a greve: “os trabalhadores limitaram-se a aproveitar a oportunidade para libertar a sua raiva!19

Cronologia

O embate começou com centenas de trabalhadores bloqueando uma ponte em Dongguan, a 5 de Abril de 201420. Perante a ausência de resposta por parte da empresa, a 14 de Abril os trabalhadores de diversas fábricas entraram em greve e mais de 10 000 saíram à rua em protesto. Foram atacados por centenas de policiais antimotim, que os espancaram e prenderam alguns dos trabalhadores que levavam as bandeiras21. Depois disso a polícia permaneceu na área da fábrica e as detenções prosseguiram durante toda a greve. Pelo menos dois ativistas de ONG’s locais dedicadas a questões laborais22 foram envolvidos. Os trabalhadores exigiram novos contratos de trabalho, melhorias das condições e o pagamento integral das contribuições em atraso para a previdência social.

A 15 de Abril a greve se alastrou a todas as seis fábricas Yue Yuen em Dongguan, envolvendo cerca de 50 mil trabalhadores, que bateram o ponto no início do seu turno mas se recusaram a trabalhar. A 16 de Abril, a empresa solicitou negociações. Os trabalhadores escolheram representantes, mas quando a empresa se recusou a fazer concessões, as negociações foram suspensas e alguns dos representantes dos trabalhadores detidos – alegadamente com o auxílio de dirigentes do sindicato oficial ACFTU23. A 17 de Abril, a administração da Yue Yuen prometeu pagar as contribuições futuras para o fundo previdenciário a partir de 1 de Maio, com a condição dos trabalhadores também pagarem parte da sua contribuição. Os trabalhadores afirmaram que não regressariam ao trabalho antes da companhia concordar em pagar imediatamente as contribuições em atraso – em dinheiro, porque já não confiavam nem na empresa nem no governo a este respeito.

A 18 de Abril, as mulheres e filhos dos representantes dos trabalhadores detidos manifestaram-se nas fábricas e em frente da administração distrital, exigindo a sua libertação. No mesmo dia, 2 mil trabalhadores de outro complexo da Yue Yuen na província de Jiangxi, produzindo sobretudo sapatos Adidas, juntaram-se à greve24. A 21 de Abril, a Yue Yuen prometeu pagar um valor mensal de subsistência de 230 yuan a partir de 1 de Maio. “Os trabalhadores rejeitaram esta oferta, considerando-se insultados por uma concessão tão pequena e relativamente desconfiados às promessas da empresa. Em resposta aos panfletos dos sindicatos pelêgos que anunciavam os 230 yuan, os trabalhadores afirmaram que já tinham perdido o dinheiro de anos de contribuições pagas e que mesmo que recebessem as aposentadorias completas mais um valor de 230 yuan no futuro, isso não chegaria para compensar o dinheiro que já haviam perdido. Muitos trabalhadores já trabalhavam na fábrica há mais de dez anos e estavam próximos da aposentadoria. Não trabalhariam lá durante tempo suficiente para acumular muito dinheiro em contribuições futuras e seriam incapazes de usufruir da contribuição por muitos anos. Outros trabalhadores suspeitavam que a empresa encontraria simplesmente uma maneira de despedi-los após terem regressado ao trabalho e não teriam por isso a possibilidade de usufruir de ganhos futuros”25.

Adicionalmente, existe um problema com as contribuições para o fundo previdenciário: a Yue Yuen não era a única empresa a não pagar integralmente as contribuições, uma vez os trabalhadores também não o faziam. “A maioria dos trabalhadores da Yue Yuen não querem pagar as contribuições sociais em atraso, porque têm de pagá-las do seu próprio bolso e não o conseguem suportar. Os empregados de longa data teriam de pagar valores equivalentes a dezenas de milhares de yuan! Onde é que poderiam obter essa quantidade de dinheiro?”26 Por isso, os trabalhadores exigiram que a Yue Yuen pagasse ambos, a sua parte em atraso e também a dos trabalhadores.

A 22 de Abril, manifestações de apoio aos trabalhadores da Yue Yuen tiveram lugar em Hong Kong, Taiwan, Austrália e os EUA, enquanto em Dongguan, a ACFTU interveio novamente para procurar pôr fim à greve. “Penso que agiram em coordenação – a federação sindical, a polícia e os empregadores. Desferiram um golpe combinado contra os trabalhadores”27. Nessa altura a polícia fechou os portões da fábrica, de forma a impedir os trabalhadores de sairem ou de entrarem e dessa forma bater o ponto com os seus cartões antes de regressarem aos respectivos dormitórios. Mais tarde, a administração acabou removendo os relógios ponto28. A 24 e a 25 de Abril, as autoridades locais chamaram ainda mais policiais antimotim, que se colocaram em torno e no interior das fábricas, detendo os trabalhadores que não regressavam ao trabalho – de maneira a aumentar a pressão sobre os trabalhadores para aceitarem o acordo. Houve até policiais à paisana entrando nas instalações e detendo trabalhadores que se recusavam a regressar ao trabalho. “A fábrica Yue Yuen tornou-se a prisão de Yue Yuen!”, afirmou um trabalhador29. Outro comentou: “não tivemos outra hipótese se não regressar ao trabalho. O que é que se pode fazer quando um homem com um escudo, um bastão e um capacete está mesmo ao teu lado?”30 A 28 de Abril, cerca de dois terços dos trabalhadores haviam retomado o trabalho, enquanto os trabalhadores de uma das fábricas continuavam em greve31.

Assessment (Avaliação)

A greve foi auto-organizada e os trabalhadores utilizaram os smart-phones e as redes sociais da internet para mobilizar os protestos. Os responsáveis de seção e, em alguns casos, os trabalhadores mais experientes, desempenharam um papel decisivo, mas, tal como em outras greves, não o fizeram abertamente, de maneira a evitar retaliações por parte da administração. A capacidade organizativa variou, contudo, consoante a fábrica e o departamento, com os trabalhadores preparados e relativamente bem organizados em algumas, enquanto em outras se limitaram a aderir à greve sem qualquer tipo de coerência organizativa interna32. Existem também boatos segundo os quais a Yue Yuen subornou responsáveis de seção que haviam permanecido passivos ou desempenhado um papel qualquer na organização da greve, mas acabou sobretudo pressionando os trabalhadores, recorrendo à redes de parentesco e à violência para os obrigar a retomar o trabalho. Os chefes de linha não receberam nada por isso mas, segundo um trabalhador, viram-se incapazes de resistir à pressão e obrigaram os trabalhadores a regressar ao trabalho33.

“Trabalhei aqui durante 15 anos e não vou sair sem uma resposta à altura”, afirmou uma trabalhadora de 46 anos de Hunan. “As minhas colegas são sobretudo mulheres: eles pensaram que seria fácil lidar conosco, mas mostramos a eles que estavam errados”34. Os grevistas da Yue Yuen permaneceram firmes durante cerca de duas semanas e rejeitaram ofertas de acordo por parte da empresa que se limitariam a resolver parcialmente os problemas. Queriam ver o dinheiro nas suas mãos antes de desistirem ou de serem despedidos, e é isso que explica a sua determinação, uma vez que é raro as greves durarem tanto tempo na China. “A greve falhou, não obtivemos o resultado que desejávamos”35. As principais razões para o fracasso foram a repressão governamental e o fato de alguns trabalhadores terem, ou parado a luta após a concessão de 230 yuan, ou continuado, mas com uma perspectiva pessimista, uma vez que já não esperavam um resultado melhor e acabaram desistindo. O Estado interveio com força, enviando policiais de intervenção e ameaçando os trabalhadores, mas, apesar da dimensão da greve e do fato de os trabalhadores terem saído para as ruas, não reprimiu imediatamente a luta por completo, tendo ficado algum tempo na expectativa. Apesar disso, a repressão posterior foi bem sucedida. “Apesar de termos regressado ao trabalho, abrigamos ressentimento. Todos nos sentimos agredidos neste momento. Superficialmente a greve foi resolvida, mas os problemas que lhe eram subjacentes ainda permanecem. Tudo somado, estamos frustrados. Sentimo-nos particularmente insatisfeitos com a repressão governamental. Todos nos sentimos revoltados por sermos obrigados a trabalhar”. Esta raiva conduziu a alguns ataques a chefes de secção36.

A Yue Yuen anunciou que a greve tinha custado à empresa 27 milhões de dólares em custos diretos, perda de lucros e custos adicionais de transporte aéreo, bem com um aumento dos custos laborais de cerca de 31 milhões de dólares este ano37. A Yue Yuen tem transferido a produção de Dongguan para as províncias do interior, bem como para o Vietnam e para a Indonésia, há anos, apesar das preocupações com a falta de infraestruturas e com a redução da produtividade. A crescente militância e as reivindicações dos trabalhadores, bem como os consequentes aumentos salariais, encorajam o capital a deslocar-se. A Nike e a Adidas começaram a transferir a produção para as zonas do interior ou, por exemplo, para o Vietnã, onde os salários são ainda mais baixos. Mesmo durante a greve, a Adidas reagiu depressa e transferiu as encomendas: “De forma a minimizar o impacto [da greve] sobre as nossas operações, estamos neste momento transferindo para outros fornecedores algumas das encomendas originalmente feitas à Yue Yuen de Dongguan”, afirmou um porta-voz da Adidas por e-mail. O fabricante de equipamento desportivo alemão “tem uma cadeia de fornecimento altamente flexível à sua disposição”38. Durante a greve, a Adidas também transferiu equipamento para fora das fábricas de Yue Yuen e enviou-o para outras fábricas de calçado na província de Guangdong39.

As novas greves na China

“Nas fases iniciais da greve, os trabalhadores até esperavam que o governo ajudasse a mediar a disputa, mas viram as verdadeiras cores do governo quando a intervenção dos sindicatos intensificou a repressão. São os homens de mão e cães de guarda dos patrões. O fogo foi extinto, mas as brasas permaneceram e voltarão a acender-se. E na próxima greve estaremos definitivamente melhor organizados e preparados para o combate!”  (Trabalhador da Yue Yuen após a greve em Abril de 2014)40

Em termos do número de participantes numa única empresa, a greve da Yue Yuen foi que mais envolveu trabalhadores migrantes na China desde o boom da década de 1990. Geralmente as greves são feitas por dezenas, centenas ou poucos milhares de trabalhadores. Desta vez envolveu cerca de 50 mil. A greve se alastrou a outra província, o que é um sinal promissor, mas não mais do que isso. Durou aproximadamente duas semanas, muito mais do que as habituais poucas horas ou dias. Contudo, não escalou para lá de alguns limites que já destacamos: incluiu paralisações do trabalho, manifestações, alguns embates com a polícia, mas não levou a qualquer levantamento generalizado e acabou com algumas concessões, mas sem grandes avanços para os trabalhadores41.

Os objetivos dos trabalhadores em protesto mudaram e multiplicaram-se no passado recente. A sua luta não é apenas relativa a aumentos salariais e melhorias das condições de trabalho, mas por segurança do emprego (face a prisões e transferências) e segurança social. A greve da Yue Yuen reflete também a mudança demográfica na composição dos trabalhadores e nos seus padrões migratórios. A grande vaga de migrações para centros industriais como Dungguan teve início na década de 1990 e, apesar de muitos trabalhadores terem regressado às suas aldeias ou cidades do interior, milhões permaneceram nas cidades. Alguns deles estão agora se aposentando (na China isso acontece geralmente aos 60 anos para os homens e aos 50 para as mulheres) e não têm qualquer possibilidade de regressar à sua aldeia ou à sua casa, pois exigem as aposentadorias a que têm direito (desde que os seus empregadores tenham pago as contribuições para a previdência social).

Num ambiente econômico cada vez mais volátil e por entre os receios relativos ao fim do boom, a falta de mão-de-obra nos centros industriais chineses permanece, invertendo a balança de poderes entre capital e trabalhadores. A capacidade dos trabalhadores para se organizarem e lutarem aumentou nos últimos anos, graças à utilização das redes sociais. Um novo hardware na forma dos smart phones trouxe a internet para os bolsos de milhões de trabalhadores, enquanto um novo software como a rede chinesa weibo (semelhante ao Twitter) e o WeChat permitiram-lhes enviar relatos, fotografias e filmes. Ambos são utilizados tanto para organização como para a denúncia pública das condições de trabalho, de forma a pressionar o capital e o Estado. Entretanto, o predomínio da comunicação social estatal foi questionado. Um número crescente de greves se alastra e desencadeia mais protestos em outras fábricas (por vezes da mesma empresa). E a greve da Yue Yuen é parte de uma série de protestos de trabalhadores iniciada em Março e que incluiu as lojas da Wal-Mart e diversas fábricas, incluindo a Samsung, a Nokia e a IBM, bem como
professores, garis, taxistas e motoristas de ônibus42. Para além das greves, as explosões violentas de raiva coletiva prosseguem na China. Num dos casos, alguns responsáveis pelo planejamento urbano foram espancados por uma multidão em Cangnan, na província de Zhejiang, depois de terem tentado extorquir um vendedor de rua e assassinado o homem que tirou fotografias do incidente43. Apesar disso, ainda não é claro quão importante ou exemplar será a greve da Yue Yuen e da onda grevista da primavera de 2014 para o desenvolvimento futuro das relações entre classes – quando comparada, por exemplo, com a onda grevista nas empresas de propriedade estatal (EPE) no início da década de 2000, ou com a onda grevista do verão de 2010, ambas das quais tiveram implicações a longo prazo: o governo alterou a sua retórica e introduziu políticas sociais no início da década de 2000, tendo a onda grevista de 2010 instituído a classe dos trabalhadores migrantes enquanto um ator reconhecido na sociedade e na política chinesas.

Ao longo dos últimos anos, as autoridades permaneceram afastadas dos protestos e das greves, desde que permanecessem pequenos, mas quando os conflitos se expandiram ou afetaram empresas de maior dimensão, acabaram geralmente se envolvendo. Segundo o BTC, a polícia interveio em 20% das greves que investigou, sobretudo quando os trabalhadores “saíram à rua” ou “perturbaram a ordem pública”44. Em meados de 2012 e na segunda metade de 2013, o número de intervenções policiais e detenções de grevistas aumentou drasticamente e em 2012 as autoridades revelaram-se mais ativas contra as ONG’s de apoio aos trabalhadores.

Contudo, a reação do Estado central chinês à greve na Yue Yuen – e em outras greves recentes – voltou a revelar o seu dilema: por um lado, está interessado em aumentar os salários, uma condição necessária para fazer crescer o mercado interno chinês e reduzir a dependência face às exportações e o impacto da redução da procura externa; por outro lado, receia a escala dos conflitos de classe que poderia ter implicações não apenas econômicas mas também políticas no domínio do PCC e do capital em geral. Em lutas recentes, isto conduziu a situações em que a atividade grevista foi permitida dentro de certos limites e por um certo período de tempo, mas foi reprimida quando excedeu uma certa duração ou levou a enfrentamentos na rua45. Isto reflete parcialmente os diferentes interesses do Estado central, que desempenha o papel de “capitalista coletivo” que
procura garantir a estabilidade social e a continuação do sistema de acumulação de capital, e o Estado local, que está diretamente ligado ao processo de exploração e de acumulação de lucros através licenças, aluguéis, propriedade, etc.

Greves selvagens organizadas

Surpreendentemente, Hao Ren et al. concluem, no seu livro sobre greves na RPC, que muitas paralisações de trabalho, manifestações e cortes de estrada continuaram a ser “espontâneas” ao longo dos últimos anos46. Jay Chen, pelo contrário, sublinha que “a resistência individual e os protestos coletivos em muitos casos não foram ações espontâneas e intuitivas, mas cuidadosamente planejadas e organizadas. As estratégias de protesto também foram cada vez mais aperfeiçoadas”47. As greves abordadas no livro publicado por Hao Ren et at. revelam também a preparação, a solidariedade, a circulação e os processos de aprendizagem durante as lutas. Demonstram as contradições cotidianas vivenciadas pelos trabalhadores na linha de montagem, nos dormitórios e refeitórios, e revelam que a cooperação entre trabalhadores é não apenas uma base para produzir mas também para a organização da sua rebelião.

A importância das greves e das ondas de greve reside no fato de impulsionarem esta organização da rebelião. Os trabalhadores em greve têm a possibilidade de reconhecer que os seus problemas são os muitos de muitos outros trabalhadores. A experiência de luta pode retirá-los do seus isolamento, competição e miséria social, oferecendo-lhes formas de ação colectiva. Este processo pôde ser testemunhado na China nos últimos anos. As experiências de greve circulam, as táticas de greve são avaliadas, as estratégias coletivas são testadas, os ativistas emergem e fazem apelos para ações de solidariedade. A constatação de que as paralisações de trabalho podem forçar concessões e permitir aos trabalhadores escapar à corrida desesperada durante horas ou dias, generaliza-se.

As lutas costumam ser motivadas por exigências econômicas, mas também por expectativas não correspondidas, mas também pela exaustão diária, a injustiça e a degradação. As greves e outras formas de resistência têm sido mais amplamente aceitas, e não apenas entre os trabalhadores migrantes, desde a onda grevista de 2010. Algumas pessoas começaram mesmo a trabalhar em fábricas apenas para aprender com os trabalhadores e apoiar as suas lutas48. O BTC reporta que os trabalhadores chineses
“percebem cada vez melhor que (…) podem certamente avançar com sucesso sem o apoio dos sindicatos” mas que “terão uma oportunidade muito melhor de criar uma poderosa presença unificada e sustentável no seu local de trabalho se conseguirem reclamar para si o sindicato”49. Mas será a reforma e tomada dos sindicatos uma pré-condição para uma melhoria duradoura das condições dos trabalhadores? O BTC ignora o papel que os sindicatos desempenharam na separação dos trabalhadores, no enfraquecimento das lutas e até na piora da exploração, por exemplo, na África do Sul, no Brasil ou na Índia, e como os sindicatos oferecem os seus serviços para a integração e pacificação das lutas.

Mais do que qualquer outra coisa, as greves selvagens podem ser sinais da atividade da classe trabalhadora e ajudam os participantes a superar divisões, livrar-se do paternalismo da hierarquia sindical e criar o seu próprio movimento para lá de rituais de concertação social. Em termos práticos, a assimilação das lutas pode ser evitada se os que protestam seguirem as reflexões formuladas por Hao Ren et al.: “As greves foram organizadas mais facilmente quando os trabalhadores fizeram acordos secretos e ações previamente – sobretudo na forma de desacelerações camufladas” e “é uma grande vantagem a existência de quadros capazes de liderar a greve a partir dos bastidores. Isso também é válido quando a greve é organizada e apoiada por um núcleo duro de trabalhadores. Dessa forma torna-se possível evitar a repressão da greve pelos capitalistas e continuar a luta de uma forma organizada”50. Numa região na qual a concentração do capital é tão elevada como na RPC, é particularmente importante formar grupos de trabalhadores capazes de evitar a repressão, mas também de recusar a participar na construção de um movimento operário integrado no capitalismo – e concentrar-se no desenvolvimento da sua capacidade de luta, o seu potencial disruptivo e o seu poder para, em cada greve, transformar a ordem social.


Notas de rodapé

1 http://www.scmp.com/comment/article/1499178/china-cant-ignore-workers-well-being-if-it-wants-avert-strikes

2 Ver o artigo introdutório em HAO Ren u.a.: Streiks im Perlflussdelta. ArbeiterInnenwiderstand in Chinas Weltmarktfabriken (Vienna, 2014). Em chinês:
http://laborpoetry.com/forum.php?mod=viewthread&tid=492

3 CHAN, Chris King-chi: “Contesting Class Organization: Migrant Workers’ Strikes in China’s Pearl River Delta, 1978-2010,” International Labor and Working-Class History, Nr. 83 (Frühjahr 2013): 112–36.

4 CHEN, Chih-Jou Jay: “Die Zunahme von Arbeitskonflikten in China: Ein Vergleich von ArbeiterInnenprotesten in verschiedenen Sektoren,” em Eggers, Georg, et al., Arbeitskämpfe in China. Berichte von der Werkbank der Welt (Vienna, 2013), 78–105.

5 BTC (Buletim de Trabalho da China): “Searching for the Union. The Workers’ Movement in China 2011-13,” Februar 2014: http://www.clb.org.hk/en/sites/default/files/File/research_reports/searching%20for%20the%20union%201.pdf

6 http://www.clb.org.hk/en/sites/default/files/File/research_reports/searching%20for%20the%20union%201.pdf

7 https://portside.org/2014-05-07/plying-social-media-chinese-workers-grow-bolder-exerting-clout (citando um artigo do New York Times article)

8 Dongguan tornou-se uma cidade industrial de oito milhões de habitantes nas
últimas duas décadas. Ensanduichada entre Shenzhen e Guangzhou, é o centro da estrutura econômica da indústria exportadora , i.e., da produção de componentes ou da montagem de elementos pré-fabricados em produtos de grandes marcas internacionais. A
maioria dos trabalhadores são migrantes de zonas rurais e de outras províncias.

9 http://www.4-traders.com/YUE-YUEN-INDUSTRIAL-HOLD-1412683/news/Yue-Yuen-Industrial–Strike-hit-footwear-company-resumes-production-18349136/

10 http://www.yueyuen.comhttp://www.bloomberg.com/news/2014-04-21/china-strike-at-nike-adidas-factory-extends-to-sixth-day.htmlhttp://sinosphere.blogs.nytimes.com/2014/04/17/workers-strike-at-shoe-factory-over-benefits-dispute/?_php=true&_type=blogs&_r=0
11 http://www.corpwatch.org/article.php?id=15947
12 http://blog.sina.cn/dpool/blog/s/blog_ed2baf420101wdoo.html
(Chinês), http://www.clb.org.hk/en/content/defeat-will-only-make-us-stronger-workers-look-back-yue-yuen-shoe-factory-strike

13 http://www.clb.org.hk/en/content/defeat-will-only-make-us-stronger-workers-look-back-yue-yuen-shoe-factory-strike

14 Ibid.

15 Ibid.

16 As empresas chinesas têm de pagar contribuições para as aposentadorias, cuidado médico e desemprego, que podem atingir valores superiores a 10% do salário do empregado, uma explicação em inglês está disponível em: http://www.china-briefing.com/news/2012/02/21/mandatory-social-welfare-benefits-for-chinese-employees.html e: http://www.chinalawblog.com/2013/11/china-employer-taxesemployee-taxes-are-we-having-fun-yet.html

17 http://www.chinalaborwatch.org/news/new-482.html

18 http://revolution-news.com/china-thousand-yue-yuen-nike-adidas-factory-workers-strike-unpaid-pensions/

19 http://www.clb.org.hk/en/content/defeat-will-only-make-us-stronger-workers-look-back-yue-yuen-shoe-factory-strike

20 Uma cronologia da luta está disponível aqui: http://www.ilabour.org/Item/Show.asp?m=1&d=2957 (Chinês)

21 Uma faixa dizia “Return Our Social Insurance, Return My Housing Fund”, ver o vídeo em http://youtu.be/6Ca-hoozEGE e outro interessante em http://www.bbc.com/news/business-27059434

22 Para fotografias da presença policial e das detenções ver http://revolution-news.com/china-thousand-yue-yuen-nike-adidas-factory-workers-strike-unpaid-pensions/ http://revolution-news.com/biggest-strike-chinas-history-enters-6th-day-police-arrested-organizers-workers-battle-swat-troops/

23 http://www.ilabour.org/Item/Show.asp?m=1&d=2957

24 http://www.scmp.com/comment/article/1499178/china-cant-ignore-workers-well-being-if-it-wants-avert-strikes

25 Notas após uma visita a Dongguan e discussões com os trabalhadores, Abril de 2014.
26 http://www.clb.org.hk/en/content/defeat-will-only-make-us-stronger-workers-look-back-yue-yuen-shoe-factory-strike

27 http://www.clb.org.hk/en/content/defeat-will-only-make-us-stronger-workers-look-back-yue-yuen-shoe-factory-strike [我怎么感觉他们好像是商量好了,工会,警察,资方,打一套组合拳,对象就是员工]

28 https://portside.org/2014-05-07/plying-social-media-chinese-workers-grow-bolder-exerting-clout

29 http://www.clb.org.hk/en/content/defeat-will-only-make-us-stronger-workers-look-back-yue-yuen-shoe-factory-strike. Os entrevistas afirmaram também que os trabalhadores tinham conversado com os policiais que, na verdade, simpatizavam com eles mas disseram que tinham de obedecer às ordens.

30 Ibid.

31 http://www.bloomberg.com/news/2014-04-25/china-tells-nike-shoemaker-to-rectify-striker-benefits-by-today.htmlhttp://www.clb.org.hk/en/content/defeat-will-only-make-us-stronger-workers-look-back-yue-yuen-shoe-factory-strike

32 Ibid.

33 Ibid.

34 http://www.clb.org.hk/en/content/pressure-local-authorities-forces-many-yue-yuen-strikers-back-work

35 http://www.breitbart.com/system/wire/614cdcb4-53e9-415b-a2bb-aebf5f1ee76a

36 http://www.clb.org.hk/en/content/defeat-will-only-make-us-stronger-workers-look-back-yue-yuen-shoe-factory-strike

37 http://www.bloomberg.com/news/2014-04-25/china-tells-nike-shoemaker-to-rectify-striker-benefits-by-today.html

38 http://www.bloomberg.com/news/2014-04-24/adidas-to-move-some-output-from-strike-disrupted-factory.html

39 https://www.chinalaborwatch.org/news/new-484.html

40 http://www.clb.org.hk/en/content/defeat-will-only-make-us-stronger-workers-look-back-yue-yuen-shoe-factory-strike

41 A esse respeito, o comentário (em http://wire.novaramedia.com/2014/04/5-reasons-the-strike-in-china-is-terrifying-to-transnational-capitalism) segundo o qual esta greve foi uma forma de “contratação coletiva por via do motim” parece de manifestamente exagerado.

42 Para uma panorâmica geral ver o artigo http://www.clb.org.hk/en/content/worker-protests-china-surge-after-lunar-new-year; sobre a greve dos taxistas de Dongguan taxi drivers: http://www.scmp.com/news/china/article/1487693/dongguan-cabbies-launch-strike-amid-business-slowdown; sobre os garis de Foshan street: http://www.ilabour.org/Item/Show.asp?m=1&d=2926; sobre a greve dos motoristas de ônibus de Shenzhen: http://www.clb.org.hk/en/content/thousands-bus-company-workers-strike-shenzhenhttp://www.clb.org.hk/en/blogs/jiayi/nineteen-year-old-activist-plays-key-role-shenzhen-bus-strikehttp://www.ilabour.org/Item/Show.asp?m=1&d=2924; sobre a greve dos professores de Henan: http://www.highbeam.com/doc/1G1-365467396.htmlhttp://www.clb.org.hk/en/content/teachers-strike-rural-henan-enters-tenth-day; sobre a Walmart: http://www.globaltimes.cn/content/856685.shtml,
http://www.clb.org.hk/en/content/walmart-workers-changde-stand-firm-deadline-looms; sobre a IBM: http://www.clb.org.hk/en/content/workers-stand-firm-ibm-strike-enters-ninth-day; sobre a Nokia: http://www.clb.org.hk/en/content/dismissed-nokia-workers-seek-reinstatement-through-arbitration

43 http://www.refworld.org/docid/5358dafb4.htmlhttp://revolution-news.com/china-violent-government-thugs-beaten-death-angry-crowds-killed-man-documenting-brutality/

44 Ver nota 5.

45 http://america.aljazeera.com/opinions/2014/4/chinese-labor-reformdongguanshoefactorystrikesocialinsurance.html

46 Ver nota 2.

47 Ver nota 4.

48 Ver, por exemplo, o filme “Die neue Generation – Fabrikarbeiter in Südchina”, realizado por um membro de uma família de trabalhadores migrantes que foi para uma fábrica documentar a vida cotidiana no seu interior: http://de.labournet.tv/video/6554/die-neue-generation-fabrikarbeiter-suedchina

49 Ver nota 5.

50 Ver nota 2.

 

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